terça-feira, 23 de março de 2010

IT Victim I

Acordei com uma ideia fixa. Vasculhei a bolsa, peguei o celular quadrado, liguei o computador, pluguei o USB e comecei a baixar a música Vaca Profana, aquela da Gal. De graça e sem remorso. Menos de um minuto. Santa banda larga! Ri por dentro. Agora toda vez que aquela desgraçada me ligar vai tocar Vaca Profana. Só então fui escovar os dentes. As pilhas da escova estavam fracas. Pilhas, pilhas, pilhas!!!! As da câmera digital! Recarregáveis. Não pensei duas vezes.
Peguei a mochila e fui pra academia. Passei o cartão pela catraca. Bloqueado.
- Ô mocinha, seu sistema está com problema. Eu disse, mas ouvi, sem dó:
- Senhora, sinto estar informando, mas seu último cheque voltou. Senti o risinho sarcástico da turba que se acumulou na recepção. Falei alto:
- Imagine! Deve fazer uns cinco anos que não uso cheque. Que coisa mais ultrapassada! Verifique o seu sistema obsoleto e na saída conversamos.
Peguei o IPod, orgulhosa. Era tanta música que um dia corri ouvindo Frank Sinatra. Foi brochante. Coloquei o monitor cardíaco. Pipipipipipipipi. O cheque! E lá vem o instrutor:
- A senhora está bem?
Pipipipipipipipi.
- Estou ótima! Um pouco estressada.
Ai! O bluetooth do celular. Meu Deus! Preciso de mais uma orelha!!! Subi na esteira, programei, comecei a correr. De relance, olhei pra TV pregada no suporte da parede, a imagem estava torta. Canal aberto. Pipipipipipipi. Deu saudade da minha tela plana, a cabo, é claro. Na saída, peguei meu cheque disfarçadamente, enfiei na bolsa e passei o cartão. Ufa! Ninguém percebeu.
Voltei para casa, banho quente e... geladeira quase vazia. Claro! A empregada não pôde sair porque não carreguei o bilhete único dela! Roí uma torrada seca. O Bruninho já tinha ido pra escola. Lembrei que a professora do pré alertou para que eu acompanhasse o comportamento dele pela webcam. Ele estava estressado e batendo nos coleguinhas. Por que será? Lembro da máquina de lavar. A empregada avisou que a “luzinha” não está acendendo e que ela não sabe se está ligada ou desligada. Ela é surda? Não ouve a água entrando? Mas, convenhamos, o primeiro passo pra algo pifar é queimar o led. Ligo pro técnico, desesperada.
Enfim, sento em frente ao computador e começo a dura rotina. Conecto, edito, recebo, baixo, deleto, envio, salvo. Canso. Não resisto e beijo a foto do Rick Martin na minha telinha de LCD novinha. Livin' La Vida Loca. Pego o Palm wireless - é uma delícia falar essa palavra: uaireléssssss, repito em voz alta - confiro a agenda, sincronizo com o micro.
Ai! Esqueci de baixar as fotos do último evento!!!! A câmera. O que ela está fazendo no banheiro? Não está funcionando. Apelo para o chacoalhão. Nada! Busco na internet o telefone da assistência técnica. Nada! Peço socorro ao meu marido pelo MSN. Minha irmã entra e quer bater papo, lá do Canadá. Meu Deus! Minha melhor amiga, ombro pra todas as horas, pede colo pelo Skype. O telefone toca! O celular também! A Vaca Profana!
- Alô? OOOOOOiiiii, querida! Sim, já estou enviando as fotos do evento. Beijo.
Meu marido responde: “As pilhas!” Ai! Bruninho? O que ele está fazendo????
- Meu Deus! Pára de bater no moleque!!! Mas ele não pode me ouvir.

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